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quarta-feira, 1 de maio de 2013

Amor mais uma vez - Parte 2




Retomando a última parte de "Amor, mais uma vez", o que estava acontecendo com a Lily foi que no texto 1, ela acordou meio sem noção de quem ela era, de onde estava e se ela pertencia ao lugar que se encontrava. Lily era o tipo de menina incerta, principalmente na época do comunismo. Para essa adolescente de 18 anos, a responsabilidade pelo seu país assumiu o lugar da responsabilidade da sua família. Seria um dom fazer as coisas sem pensar? Porque, com certeza, foi um impulso enorme ter saído de casa. E foi exatamente isso que aconteceu. Ela não estava saindo para casar, ela estava nos rumos de uma caçada na qual o final seria sua cassação. 

       Quando vestiu a camisa do seu "eu revolucionário", começou a participar dos programas políticos, ao invés de estar cozinhando com a sua mãe em um dia de domingo. Geralmente, as mulheres estariam todas ensinando suas filhas a serem as donas de casa perfeitas para seus futuros maridos e depois poderiam jogar cartas com a vizinhança. Mas, a linha de pensamento dela era outra e isso a incriminava em uma jogatina entre seus pais. Talvez achar que só você está certo não significa que os demais também não estão. As coisas precisam ser analisadas para que não sejam feitos julgamentos prévios e errados. Assim, na época em que as mocinhas eram vestidas em suas saias de bolinhas, Lily não só entrou em conflito com um país que ia querer matá-la como também entrou em conflito com as pessoas que menos queria magoar. Por isso, é que talvez nem tudo realmente signifique tanto para que o que mais importa seja trocado. Antes que ela se arruinasse em suas próprias ideologias, seu pai ofereceu-lhe pacientemente o internato como quem convida alguém para um jantar refinado. Não faltaram a ele palavras de direita e argumentos propícios à sua escolha política para convencer sua filha de que estava errada. Para a mãe de Lily que não queria saber desses assuntos, nada mais importava do que a felicidade de sua filha seja ela em alguns cursos de culinária ou em algumas calças jeans rasgadas e algumas blusas desabotoadas cheias de suor e gritos em uma revolução. Ah, a revolução, ela estava tão em baixo de suas narinas quanto os chatos eleitos. Mas, e há sempre um "mas" em toda justificativa, depois de ter passado dois meses se refugiando com um grupo de guerrilheiros, veio de imigrante ao seu próprio país para rever seus pais, como quem saiu de um livro de Agatha Cristhie. Se o que fazemos é por amor a algo, no fundo, é porque queremos ver bem aquilo que mais amamos. Seus pais eram o que Lily amava mais. Levá-los uma ideia de casa, de família que ainda tinham antes das escolhas dela era o mínimo que poderia fazer. Já havia sofrido demais em mãos desconhecidas. Depois de fazer sua família o melhor assunto vendido com "Qual o final da menina que traiu seu país? E o que o seu pai acha disso?" como manchete de jornais, as quais incrementavam o café das pessoas comuns e das pessoas da esfera política de plantão.


Mas, Lily não ligava para o que pensavam. Na verdade, era uma menina doce até que não batessem de frente com suas ideologias. Estava mergulhada em um universo paralelo e nele expunha suas revoluções, seus gritos de guerra e seu script de um filme quase perfeito. No final das contas, se importava mais como eram feitos os doces do que com o que o partido político contrário estava tentando enfiar na sua cabeça. Com toda aquela agressividade, sua luta por direitos humanos a deixou um pouco sem a humanidade que queria e, não que fosse ruim ter alguns pensamentos socialistas, isso a deixava mais alerta, mas se for fazer uma coisa que nem todos acham que é o certo, faça direito para mostrar que você pode ser bom até naquilo. Lily passou a não fazer certo quando tentou mudar o mundo e acabou que mudou a si própria e não foi de acordo com o que pregava. No momento que desrespeitou seus pais sem nenhum motivo relevante, sem nenhuma compaixão, sem nenhuma autonegação em favor do amor que era mútuo, houve mudanças não acordadas pelos três. Saiu da sala com uma mente dominada pelo marxismo e dizendo que a existência da burguesia não era mais compatível com a sociedade.
- "A burguesia produz os seus próprios coveiros. Seu declínio e a vitória do proletariado são igualmente inevitáveis." Disse. Inflexível, não olhou para trás e saiu de casa e não voltou dessa vez.