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sexta-feira, 7 de maio de 2010

Eu enxerguei o meu pai

  Teve um dia que eu olhei pela primeira vez para o meu pai. Ele estava depressivo e eu pensei em chegar perto dele, mas naquele tempo não era permitido. Parecia que havia o führer ao Hitler entre nós, ele de lá e eu de cá.
  Minha relação com o meu pai sempre foi harmoniosa, até eu perguntar sobre o que estava acontecendo, pois meu pai era uma pessoa fechada, não falava do que sentia e não gostava quando perguntávamos. Só que não havia nada mais importante no mundo naquela hora para mim do que saber o que estava acontecendo, pois como eu disse, essa foi a primeira vez que olhei para o meu pai, realmente o vi.
  Quando eu cheguei perto:
-Pai, o que houve?
- Se cada vez que você ficasse preocupada comigo- falou meu pai - e eu a deixasse falar, não teria sentido ser seu pai. O que há com você que tomou coragem dentro de si?
   Naquele momento eu não imaginava o que ia acontecer, mas seria um ponto crucial para o relacionamento com o meu pai.
  Todas as razões medíocres que me separava do meu pai pareceram não existir mais; Razões que eu não sei bem ao certo, mas que com certeza eram provocadas por motivos internos e por causas pessoais de nós dois, como medo, angústia e dor, que se tornavam, naquele momento, alheias a estímulos externos.
-Sente-se Lizza.